A conclusão óbvia a se tirar em relação a João é que, diferentemente dos autores dos Sinópticos, ele não estava tentando dar um relato mais ou menos direto do ministério de Jesus. Em vez disso, ele procurou destacar o significado do ministério de Jesus e de sua morte e ressurreição. O que é importante, quando comparamos os assim chamados "evangelhos" que surgiram no segundo e terceiro séculos, é que João manteve o formato Evangelho que Marcos estabeleceu: começando com João Batista e chegando ao clímax na crucificação e ressurreição de Jesus. Mas o seu Evangelho é, na verdade, uma reflexão sobre o ministério de Jesus e sobre o próprio Jesus baseada na tradição sobre Jesus operando milagres, e, de fato, uma reflexão que elabora (desenvolve pensamento em cima de) coisas que Jesus foi relembrado como havendo dito para, daí, retirar o significado dos sinais e da revelação de Deus que Jesus trouxe e incorporou. As ênfases que o Evangelho de João expressa trazem à tona os pontos que ele queria destacar.
James D. G. Dunn, Jesus According to The New Testament, Edição Kindle, p. 907-17.