11/10/2021

Book Review #3 - A Religião do Bolsonarismo, Yago Martins

O último livreto de Yago Martins, A Religião do Bolsonarismo, não é uma análise sociológica do fenômeno Bolsonaro no Brasil; não se trata de uma pesquisa acadêmica sobre o que está acontecendo na mentalidade brasileira; não é uma avaliação de um cientista sobre a dinâmica das ideias políticas em nosso país. Trata-se, apenas, da opinião de um pastor evangélico sobre algo que ele não entende.

O que o autor faz em sua nova publicação é imaginar, desde uma perspectiva teológica pronta que ele aprendeu com o fundamentalismo evangélico americano, que os apoiadores mais entusiasmados do presidente trocaram o seu deus (do Yago) por uma figura política. Ao acreditar em sua própria imaginação, o pastor, que tem menos de trinta anos de idade, tece uma apologia à sua religião, dizendo de maneira arrogante, como sempre o faz, que não há outro deus além do seu e acusando de idolatria brasileiros sofridos e indignados com o terrível resultado do trabalho de governos anteriores.

O brasileiro, muito religioso e cristão, mais do que Yago Martins jamais seria, não trocou o seu deus por uma figura política. O que ele fez foi depositar a esperança de uma vida menos difícil no trabalho de alguém que falou o que ele queria ouvir e refletiu seus anseios e desejos em sua proposta política; o que o brasileiro fez foi, no máximo, enxergar em Bolsonaro um representante de deus para o Brasil. E isso, mesmo dentro do sisteminha teológico evangelicalista do Yago, jamais será idolatria. Se o fosse, ele teria que chamar todos os primeiros cristãos de idólatras também. Isso, porém, o pastorzinho jamais faria, pois uma mente presa a ideologias religiosas como a do autor dessa cartilha apologética nunca será capaz de entender que o cristianismo primitivo não tem nada a ver com o que ele imagina ser cristianismo. 

Apologetas como Yago Martins nunca poderão analisar a realidade ao seu redor sem fazer um discurso político-religioso disfarçado de tese acadêmica. A mistura do liberalismo econômico mal compreendido com o fundamentalismo religioso de um jovenzinho que tem os hormônios à flor da pele é desastrosa.