Gênesis 1 é cosmologia antiga. Ou seja, esse capítulo não tenta descrever a cosmologia em termos modernos ou abordar questões modernas. Os israelitas não receberam uma revelação para atualizar ou modificar a compreensão "científica" que tinham sobre o cosmos. Eles não sabiam que as estrelas eram sóis; eles não sabiam que a terra era esférica e se movia pelo espaço; eles não sabiam que o Sol estava muito mais distante do que a Lua, ou mais longe do que os pássaros voando no ar. Eles acreditavam que o céu era material (não vaporoso), sólido o suficiente para sustentar a residência da divindade e também para reter as água acima dele. Nesse sentido, e muitos outros, os israelitas pensavam sobre o cosmos da mesma maneira que qualquer pessoa no mundo antigo pensava, e de forma alguma como alguém pensa hoje. (John Walton, The Lost World of Genesis One).
É evidente que a seção de abertura do Livro de Gênesis não é um relato científico do processo real pelo qual o universo se originou. O mundo cuja origem é ali descrita é um mundo desconhecido para a ciência -- é o mundo da imaginação antiga, composto por uma vasta extensão de terra que está cercada por -- e repousando sobre -- um mundo-oceano, e coberto por uma abóboda chamada 'firmamento', sobre a qual estão, novamente, as águas de um oceano celestial de onde a chuva desce sobre a terra (veja os vv. 6–8). Que o escritor acreditava que essa era a verdadeira visão sobre universo, e que a narrativa expressa a concepção do autor sobre como esse universo realmente surgiu, não temos, de fato, motivo para duvidar. Mas a diferença fundamental de ponto de vista que acabamos de indicar mostra que, qualquer que seja o significado do registro, ele não é uma revelação de fatos físicos que possa ser alinhada com os resultados da ciência moderna. A chave para sua interpretação deve ser encontrada em outro lugar. (John Skinner, A Critical and Exegetical Commentary on Genesis).
Lamentavelmente, o debate Bíblia versus ciência desviou os leitores de Gênesis 1. Em vez de ler o capítulo como uma afirmação triunfante do poder e da sabedoria de Deus, e da maravilha de sua criação, muitas vezes ficamos patinando ao tentar apertar as Escrituras no molde das mais recentes hipóteses científicas, ou ao distorcer fatos científicos para se adequarem a uma interpretação específica. Quando é permitido falar por si, Gênesis 1 olha para além dessas minúcias. (Gordon J. Wenham, Word Biblical Commentary, Volume 1, Genesis 1–15).