29/05/2020

Por que Gênesis 1 não é ciência? (Parte 4) - A presença dos mitos da criação do Oriente Próximo no Antigo Testamento

Em muitas culturas antigas do Oriente Próximo, acreditava-se que o processo de criação tinha envolvido uma batalha entre o deus criador e um monstro marinho - Tiamat no Enuma Elish da Babilônia, Yamm (Mar) no mito cananeu Baal, conhecido pelos textos encontrados em Ugarit, no norte da Síria. Encontramos alusões a histórias da criação semelhantes nos livros poéticos da Bíblia Hebraica. Jó 26:12: “Com seu poder agitou violentamente o mar; com sua sabedoria despedaçou Raabe.” Ou, ainda, em Is 51:9: “Desperta, desperta, veste-te de força, ó braço do Senhor; desperta como nos dias passados, como nas gerações antigas; não és tu aquele que cortou em pedaços a Raabe e feriu o dragão?" Em Is 27:1, a batalha com o monstro é projetada para o futuro: “Naquele dia, o Senhor castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã, a serpente veloz, e o leviatã, a serpente tortuosa, e matará o dragão que está no mar." Quando Daniel vê os quatro ventos do céu agitando o mar grande, e quatro grandes bestas saindo dele (Dan 7), isso também é um reflexo da mesma tradição mítica, assim como a besta que surge do mar no Apocalipse de João.

Fonte: John J Collins, no prefácio do livro The Satan: How God’s Executioner Became the Enemy, de Ryan E. Stokes.