Em 2012, um fragmento de papiro surgiu misteriosamente. O
pequeno pedaço de material, com o tamanho aproximado de um cartão de crédito,
caiu como uma bomba no meio acadêmico voltado aos estudos do cristianismo
primitivo. Neste papiro, há uma frase enigmática: "Jesus disse a eles:
'minha esposa'". O texto ficou conhecido como O Evangelho da Esposa de
Jesus, e, desde então, vários estudiosos suspeitavam de fraude, mas ninguém,
além da professora de Harvard Karen King, sabia quem era o dono deste artefato...
até agora.
Na última quinta-feira (16), o jornalista Ariel Sabar
publicou uma reportagem investigativa na revista americana The Atlantic,
narrando suas descobertas dignas de uma história de Sherlock Holmes. Seguindo
pistas que partiram de e-mails confidenciais disponibilizados por King, Ariel
chegou ao nome de Walter Fritz, um alemão com uma história um tanto quanto
bizarra. Fritz havia se envolvido com muitas coisas, inclusive sites onde
vendia material pornográfico de sua esposa, que, por sua vez, escrevia textos
que achava serem inspirados por Deus, e falava uma língua desconhecida durante
seus atos sexuais.
Depois de negar por algumas vezes, Fritz eventualmente
confessa ser o dono do papiro, e as pistas indicam que ele possuiria todas as
habilidades necessárias para forjar o documento, visto que foi estudante de
egiptologia e línguas antigas, inclusive uma na qual o papiro foi escrito.
Com uma história de negócios e sociedades fracassadas,
Walter Fritz confessa ter sido abusado sexualmente por um padre quando criança,
e demonstra um certo desapreço pelo Vaticano e o cristianismo
"oficial". Walter prefere os chamados evangelhos apócrifos, os quais
ele acredita terem sido escritos antes dos evangelhos canônicos e que podem
conter a verdadeira história de Jesus -- algo que nenhum estudioso do Novo
Testamento acredita.
Fritz em nenhum momento confessa ter falsificado o
documento. Apenas diz que o conseguiu de um antigo sócio, apesar de que algumas
supostas cartas misteriosas parecem ter sido forjadas para provar a procedência
do papiro.