18/12/2020

Conclusões sobre a vida do Jesus histórico (E. P. Sanders)

Em seu famoso e influente livro “Jesus and Judaism”, E. P. Sanders fornece uma lista de conclusões sobre o que ele acredita ser um resumo do que pode ser dito com segurança a respeito da vida de Jesus de Nazaré. A lista é apresentada nas páginas 326-7.

 


I. Certeza ou praticamente certeza:

1. Jesus compartilhou a visão de mundo que chamei de 'escatologia da restauração judaica'. Os fatos principais são seu início sob João Batista, o chamado dos doze, sua expectativa de um novo (ou pelo menos renovado) templo e o cenário escatológico da obra dos apóstolos (Gl 1.2; Rm 11. 11-13, 25-32; 15,15-19).

2. Ele pregou o reino de Deus.

3. Ele prometeu o reino aos iníquos.

4. Ele não se opôs explicitamente à lei, especialmente às leis relacionadas ao sábado e à alimentação.

5. Nem ele nem seus discípulos pensaram que o reino seria estabelecido pela força das armas. Eles procuraram por um milagre escatológico.

 

II. Muito provável:

1. O reino que ele esperava teria algumas analogias com este mundo: líderes, as doze tribos, um templo em funcionamento.

2. Os discípulos de Jesus pensavam nele como 'rei' e ele aceitou o papel, implícita ou explicitamente.

 

III. Provável:

1. Ele pensava que os ímpios que aceitaram sua mensagem participariam do reino, mesmo embora não fizessem as coisas habituais no Judaísmo para expiação de pecados.

2. Ele não enfatizou o caráter nacional do reino, incluindo julgamento por grupos e um apelo ao arrependimento em massa, porque essa tinha sido a tarefa de João Batista, cujo trabalho ele aceitou.

3. Jesus falou sobre o reino em diferentes contextos, e ele nem sempre usou o termo precisamente com o mesmo significado.

 

IV. Possível:

1. Ele pode ter falado sobre o reino na forma visionária do 'pequeno apocalipse' (Marcos 13 e par.), ou como uma realidade presente na qual os indivíduos entram um por um - ou ambos.

 

V. Concebível:

1. Ele pode ter pensado que o reino, em todo o seu poder e força, estava presente em suas palavras e ações.

2. Ele pode ter dado à sua própria morte um significado martirológico.

3. Ele pode ter se identificado com um Filho do homem cósmico e entendido sua conquista da realeza dessa maneira.

 

VI. Não pode ser acreditado:

1. Ele era um dos raros judeus de sua época que cria no amor, misericórdia, graça, arrependimento e perdão dos pecados.

2. Judeus em geral, e fariseus em particular, matariam pessoas que acreditassem nessas coisas.

3. Como resultado de seu trabalho, a confiança judaica na eleição foi 'abalada em pedaços', o Judaísmo foi 'abalado em seus alicerces' e o Judaísmo como religião foi destruído.