Em seu famoso e influente livro
“Jesus and Judaism”, E. P. Sanders fornece uma lista de conclusões sobre o que
ele acredita ser um resumo do que pode ser dito com segurança a respeito da vida de Jesus de Nazaré. A lista é apresentada nas páginas 326-7.
I. Certeza ou praticamente
certeza:
1. Jesus compartilhou a visão de
mundo que chamei de 'escatologia da restauração judaica'. Os fatos principais
são seu início sob João Batista, o chamado dos doze, sua expectativa de um novo
(ou pelo menos renovado) templo e o cenário escatológico da obra dos apóstolos
(Gl 1.2; Rm 11. 11-13, 25-32; 15,15-19).
2. Ele pregou o reino de Deus.
3. Ele prometeu o reino aos
iníquos.
4. Ele não se opôs explicitamente
à lei, especialmente às leis relacionadas ao sábado e à alimentação.
5. Nem ele nem seus discípulos
pensaram que o reino seria estabelecido pela força das armas. Eles procuraram
por um milagre escatológico.
II. Muito provável:
1. O reino que ele esperava teria
algumas analogias com este mundo: líderes, as doze tribos, um templo em
funcionamento.
2. Os discípulos de Jesus
pensavam nele como 'rei' e ele aceitou o papel, implícita ou explicitamente.
III. Provável:
1. Ele pensava que os ímpios que
aceitaram sua mensagem participariam do reino, mesmo embora não fizessem as
coisas habituais no Judaísmo para expiação de pecados.
2. Ele não enfatizou o caráter
nacional do reino, incluindo julgamento por grupos e um apelo ao arrependimento
em massa, porque essa tinha sido a tarefa de João Batista, cujo trabalho ele
aceitou.
3. Jesus falou sobre o reino em
diferentes contextos, e ele nem sempre usou o termo precisamente com o mesmo
significado.
IV. Possível:
1. Ele pode ter falado sobre o
reino na forma visionária do 'pequeno apocalipse' (Marcos 13 e par.), ou como
uma realidade presente na qual os indivíduos entram um por um - ou ambos.
V. Concebível:
1. Ele pode ter pensado que o
reino, em todo o seu poder e força, estava presente em suas palavras e ações.
2. Ele pode ter dado à sua
própria morte um significado martirológico.
3. Ele pode ter se identificado
com um Filho do homem cósmico e entendido sua conquista da realeza dessa
maneira.
VI. Não pode ser acreditado:
1. Ele era um dos raros judeus de
sua época que cria no amor, misericórdia, graça, arrependimento e perdão dos
pecados.
2. Judeus em geral, e fariseus em
particular, matariam pessoas que acreditassem nessas coisas.
3. Como resultado de seu trabalho, a confiança judaica na eleição foi 'abalada em pedaços', o Judaísmo foi 'abalado em seus alicerces' e o Judaísmo como religião foi destruído.