23/08/2018

Em Direção a um Futuro Ecumênico


Em sua autobiografia, após compartilhar algumas experiências frustradas com o movimento ecumênico, Jürgen Moltmann afirma: "O resultado da minha participação ecumênica, como confesso de bom grado, é o seguinte: a minha origem é reformada - o meu futuro é ecumênico." O ecumenismo, neste caso, é um ecumenismo cristão. A ideia por trás dessa afirmação de Moltmann é que todas as tradições cristãs têm um fundamento, um ponto de partida em comum. Se todas as igrejas olharem para esse fundamento, a revelação de Deus em Jesus Cristo, poderá haver unidade, apesar das diferenças.

A minha origem é reformada, ou seja, eu sou reformado, participo dessa tradição. Contudo, o meu futuro é ecumênico, isto é, no futuro, no novo céu e nova terra, no eschaton, todos nós seremos salvos; todos os cristãos serão salvos, independentemente da tradição. Com esse futuro ecumênico, podemos enxergar o presente de maneira diferente.

No futuro escatológico da salvação, na Nova Jerusalém, não existirão apenas protestantes, muito menos somente reformados. É por isso que nosso futuro é ecumênico, pois, nesse futuro, serão salvos cristãos de todas as tradições. A minha  origem é reformada, eu interpreto a Bíblia de acordo com a minha tradição, mas meu futuro é ecumênico porque entendo que a salvação não é algo exclusivo dos cristãos que compartilham as mesmas visões teológicas que eu tenho. As diferenças teológicas entre as tradições não podem anular a soberania de Deus na eleição.

Como, então, essa visão de ecumenismo futuro pode influenciar o nosso presente na convivência com outras tradições? Se entendermos que não somos os únicos cristãos, se compreendermos que nem todo reformado é um cristão verdadeiro e que nem todo cristão verdadeiro é um reformado, se tivermos a humildade de admitir que a nossa tradição não será a única a estar com o Senhor, se percebermos que, apesar da divisão das igrejas, o corpo de Cristo não está dividido, então conseguiremos, hoje, com essa perspectiva de futuro, viver em comunhão com cristãos de outras tradições.