(Nota: o trecho a seguir foi retirado do livro "Jesus and Judaism", de E. P. Sanders, p. 293).
Jesus ofendeu muitos de seus contemporâneos em dois pontos: seu ataque ao templo e sua mensagem a respeito dos pecadores. Em ambos os pontos, pode-se dizer que ele está desafiando a adequação da dispensação mosaica, e ambos são, em grande escala, abrangentes e flagrantes. Sua presunção de falar em nome de Deus foi certamente aprovada por aqueles que se convenceram de que ele o fazia, e isso provavelmente não foi, de modo geral, ofensivo. Contudo, tal presunção pode ter se tornado algo ofensivo quando esse porta-voz de Deus se voltou contra o templo. Ele insistiu neste, o ponto mais ofensivo, em Jerusalém, na época da Páscoa, e isso não poderia ter sido deixado de lado. Se acrescentarmos a essas considerações somente mais o fato de que ele tinha um número notável de seguidores, não precisaremos mais procurar para entender por que ele foi executado.
Neste nível de ofensa, não precisamos buscar um grupo específico que se opôs a Jesus e incitou os romanos a executá-lo. Em outro nível, entretanto, uma inferência razoável sobre os instigadores de sua morte pode ser feita. Ele foi executado pelos romanos, e, se os judeus tiveram alguma coisa a ver com isso -- isto é, se ele não foi executado simplesmente porque causou um distúrbio público --, os instigadores de sua morte teriam sido aqueles com acesso a Pilatos. Os principais entre eles eram os líderes do sacerdócio.